MC-04: Encontro 2016

MC-04: A GESTALT-TERAPIA EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
Drª Maria Alice Q. de Brito – Lika (BA) – CRP: 03/0824

Resumo:
Esse curso tem como objetivo apresentar o que é uma situação de emergência e seu impacto no processo de autorregulação de quem vivencia essas situações, além de como a Gestalt-terapia pode contribuir no acompanhamento de suas vítimas ao longo  do evento e pós- evento, como também no trabalho preventivo pré-evento e na preparação das equipes de emergência..

Segundo a organização Pan- Americana de Saúde, uma situação de emergência é “(…) uma situação catastrófica ou desastre que se produz por um evento natural,(….) acidente tecnológico (…) ou diretamente provocado pelo homem(…) em que se vê ameaçada a vida das pessoas  ou sua integridade física ou se produzem mortes, lesões, destruição e perdas materiais, assim como sofrimento humano.” (OPAS, 2002, p.9). São portanto situações extremas que trazem um impacto real, uma ameaça à higidez bio-psíquica de quem as vivencia, sendo figura no momento apenas o tentar sobreviver.

De acordo com Levine (1999) e Ross (2014), traumas são eventos que desafiam e bloqueiam nossa capacidade de reagir, sobrecarregando nossa capacidade de sobrevivência e, consequentemente, causando alterações bioquímicas e uma superativação do sistema nervoso. Gestálticamente falando acrescentaríamos que são eventos para os quais o indivíduo ou o grupo não tem o suporte interno necessário para integrá-los, gerando situações inacabadas, interrupções de contato. Portanto, podemos afirmar que  as situações de emergência são  eventos traumáticos, gestalten abertas na vida de suas vítimas.

 Para a Gestalt-terapia estar saudável é possuir habilidades para lidar eficazmente com qualquer situação que se apresente no aqui agora, alcançando uma resolução satisfatória de acordo com a dialética formação e destruição de gestalten (Latner, 1996). Assim, as situações de emergência, ao provocarem interrupções nessa dialética, tornam-se fatores de desorganização, podendo vir a desencadear o Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

Considerando que todo ser humano traz inerente à sua condição de existência a capacidade de se autorregular, buscando o equilíbrio da melhor forma possível dada as suas condições e as do entorno, entre os ajustamentos criativos desenvolvidos pelas vítimas de  situações de emergência são frequentes os mecanismos de deflexão dessensibilização, ou uma hipersensibilização, flashbacks dissociativos, pesadelos, lembranças  intrusivas, assim como sentimentos de culpa, vergonha, medo, impotência, desconfiança, comportamentos de risco, isolamento, regressivos e anti-sociais,  uso abusivo de drogas, entre outros ajustamentos.

Outro aspecto a ser considerado é o preparo das equipes de emergência, cuja atividade  laboral constantemente os expõem a situações que não apenas envolvem riscos a sua higidez física, como também trazem um alto grau de impacto psicológico. Passos (2013) considera o nível de tolerância ao estresse, o manejo da impulsividade e a capacidade de adaptação como indicadores a serem analisados e trabalhados para que a equipe possa ter o suporte interno necessário para uma qualidade de presença e a construção de uma relação com as vítimas que possa instaurar um diálogo, proporcionando alívio.

Palavras chave: Situações de emergência, trauma, Gestalt-terapia

Categoria: Mini-Curso

Público-Alvo: 1º período em diante

Maria Alice Queiroz de BritoAutor: 
Drª. Maria Alice Q. de Brito – Lika (BA)

Mini-Currículo: 
Maria Alice Q. de Brito (BA): Psicóloga, Gestalt-terapeuta. Mestre em Psicologia Social (UFBA) Especialista em Psicologia Clínica (CFP). Professora e supervisora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia. Fundadora e co-diretora  do Instituto de Gestalt- terapia da Bahia. Membro do corpo docente de cursos de pós-graduação Lato Sensu e formações em Gestalt-terapia de Institutos do Brasil e da Espanha. Supervisiona psicoterapeutas nas áreas clínica, hospitalar e clínica ampliada na abordagem Gestáltica. Ministra cursos de Intervenções de Curta Duração na Abordagem Gestáltica, Processos Grupais, Além da fala: o uso de recursos na Gestalt-terapia, A Influência Relação de campo Organismo-meio intrauterino no Desenvolvimento  do Indivíduo, Jogo de Areia na Abordagem Gestáltica em vários estados do Brasil. Criadora do trabalho Reconfiguração do Campo Familiar. Autora de capítulos nos livros Catálogo de Abordagens Terapêuticas, Dicionário de Gestalt-terapia, A Clínica a Relação Psicoterapêutica e o Manejo em Gestalt-terapia, Tratado de Psicologia Transpessoal vol.I, Caderno de Metodologia da Dinâmica Energética do Psiquismo. Membro do Colégio Internacional de Terapeutas.