TL-23: Encontro 2016

TL-23: SER EM (TRANS)FORMAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DAS NOÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NA CLÍNICA GESTÁLTICA
Psi. Marcelo Marques Assis (GO) – CRP: 09/9920

Resumo:
As questões de gênero e sexualidade, enquanto construções sociais, presentes em qualquer atividade humana, perpassam por inúmeros sentidos que, por sua vez, abarcam novas possibilidades na apreensão da experiência vivida, principalmente no que tangem aos processos bio-psico-sócio-históricos-culturais da sexualidade humana e do gênero deste ser existencial. Mesmo que esses processos sejam foco de algumas pesquisas e debates na graduação e pós-graduação em psicologia, nota-se ainda, certo despreparo por parte dos profissionais atuantes na clínica (foco desta proposta), para as discussões, compreensões, problematizações e questionamentos que giram em torno das noções de gênero e sexualidade, presentes no setting terapêutico. Para tanto, parte-se da compreensão do gênero enquanto construção social, que abrange todo um sistema de relações, que podem ou não incluir o sexo, uma vez que eles não estão diretamente determinados, ou seja, o sexo (sexualidade) não determina o gênero da pessoa, e o gênero não determina diretamente os aspectos da sexualidade da pessoa (Scott, 1995; Louro, 1997). Em que passa a ser notado como um conjunto de redes simbólicas que estão presentes nos diversos domínios do humano e do social, que extrapolam a rigidez presente em considerações lineares, hierarquizadas e binárias que determinam o que “é” ser homem e o que “é” ser mulher. Visto que são sempre inacabados e denotam novas transições diárias e histórico-culturais que influenciam a maneira como que percebemos o gênero e a sexualidade e seus fatores que se interseccionam ao corpo e à formação da identidade das pessoas (Gonçalves, 1998; Butler, 2003; Pinto, 2004; Louro, 2008). Intimamente relacionado ao conceito de gênero, a sexualidade se apresenta a partir de duas abordagens mais proeminentes: a essencialista e a construcionista. A abordagem essencialista assume a sexualidade enquanto essência biológica e/ou psicológica, considerando o sexo enquanto forma natural, imutável e intrínseco ao ser humano (Rubin, 1975; Gonçalves, 1998; Weeks, 2000). Já a abordagem construcionista, entende a sexualidade como uma construção social, construída na história e na sociedade, e problematiza a naturalização, universalidade, essencialização da sexualidade, uma vez que a compreende como não sendo ordenada biologicamente (Rubin, 1975; Borges, 2008). Para essa perspectiva, a sexualidade se encontra no domínio dos sentimentos, crenças, desejos e atitudes que mudam no decorrer da vida e em relação às diferentes culturas (e no interior das mesmas), perpassando pelos seus diferentes ciclos e relações (Gonçalves, 1998). A partir desta contextualização, esta proposta busca apresentar um panorama geral das noções de gênero e sexualidade, em seus diversos contextos históricos e sociais, a partir de uma visão multicultural e interdisciplinar (Psicologia, Antropologia, Ciências Sociais, Sociologia, Medicina), bem como (inter)relacionar essas (trans)formações à prática clínica do(a) gestalt-terapeuta, a luz das bases epistemológicas e teóricas da gestalt-terapia, ressaltando a importância da compreensão desta temática para a atividade profissional e possível influência no processo terapêutico do cliente, visto como ser em constante (trans)formação e capacitação do(a) terapeuta para lidar com as questões relacionadas ao gênero e sexualidade que possam emergir no campo terapêutico.

Palavras-Chaves: Gênero; Sexualidade; Gestalt-Terapia; Psicologia Clínica

Autor:
Marcelo Marques Assis (GO)

Marcelo MarquesMini-Currículo: 
Marcelo Marques Assis (GO): Mestrando em Psicologia pela UFG-GO, cursa especialização em Gestalt-Terapia pelo ITGT-GO. Possui Curso de Capacitação em Gênero pelo IDH/Método – LTBA juntamente com a Secretaria Cidadã; Curso de Formação Feminista: Tramas e Redes: feminismos pelo fim da violência (UFG-GO).

 

Categoria: Tema Livre

Público-Alvo: 1º Período em diante