TL-05/06: Encontro 2016

[tab: Resumo TL-05]
TL-5: A FAMÍLIA DO USUÁRIO DE DROGAS: EXPERIÊNCIA DE GRUPO EM GESTALT-TERAPIA

Guilherme Nogueira (GO) – CRP: 09/9663
Dr. Alex Ivan Pires Bueno (GO) – CRM-GO 12161

Resumo: 
A família é um sistema social que fornece ao indivíduo, além de valores, uma gama de comportamentos fundamentais para a formação de sua identidade. Pautando-se no holismo, sabe-se que qualquer alteração na dinâmica de um membro do sistema irá influenciar no todo. O usuário de álcool e/ou outras drogas em tratamento busca a redução ou abstinência do consumo dessas substâncias, bem como melhorar a qualidade de vida de si, da família e da sociedade. Nesse período, podem surgir sintomas físicos e psicológicos nos membros da família, por estarem também numa posição vulnerável, necessitando de atenção e cuidados próprios. Logo, a família pode ser um fator de risco ou de proteção durante o tratamento do usuário, dependendo do suporte que ela apresenta para lidar com tal situação, sendo sua abordagem parte integrante do tratamento. O grupo terapêutico pautado no referencial gestáltico é uma possibilidade de interação interpessoal na qual cada pessoa é convidada a lidar com o surpreendente: cada membro, de alguma forma, influencia todos os outros. Ao longo do trabalho, cria-se um espaço de vida grupal, mantendo, contudo, o espaço de vida pessoal. Assim, a medida que ocorrem mudanças em um membro, também ocorrerão mudanças no todo. O grupo focal busca a experienciação de um problema, pois a mudança pode ocorrer mais rápida e eficazmente quando a pessoa fica frente às suas impotências, incapacidades de solucioná-las, aprendendo uns com os outros a encontrar saídas para situações que pareçam impossíveis. Com isso, o objetivo desse trabalho é relatar uma experiência de promoção de um grupo terapêutico para familiares de pacientes em tratamento no Ambulatório de Álcool e Drogas da Pax Clínica Psiquiátrica, Aparecida de Goiânia – Go, facilitado por um psicólogo ancorado na Gestalt-terapia, acontecido às sextas-feiras do mês de novembro de 2015. O grupo foi aberto e, respeitando a metodologia fenomenológica, permitiu o surgimento de temas conforme as necessidades dos participantes dos encontros, acontecidos semanalmente e com duração de aproximadamente noventa minutos. Nessa intervenção explorou-se, conforme a manifestação, diversos temas comuns a essa população, como: crises de abstinência, recaídas, óbito de paciente etc. Nas discussões, foi possível perceber o desenvolvimento do autossuporte por meio do heterossuporte: a vivência trazida por um membro era legitimada e confirmada pelos outros membros, que possuíam também um conhecimento visceral do assunto; houve também momentos de questionamentos e discussões entre os membros para alcançar possíveis soluções para problemas vividos por todos ali presentes. Por ser um trabalho em fase piloto realizado com uma população de baixa renda, foi possível perceber dificuldades em realizá-lo por conta dos membros não terem condições de aderirem ao grupo de forma fixa, o que dificulta o contato mais íntimo entre os membros, mas, ainda assim, houve grandes trocas vivencias. Todavia, reconhece-se a relevância de estudos mais aprofundados sobre o tema, para aprimorar o cuidado fornecido tanto ao paciente usuário de alguma substância como para sua família.

Palavras-Chaves: Grupo terapêutico; Transtorno por abuso de substância; Álcool e Drogas; Família; Gestalt-terapia.

Autor: 
Psi. Guilherme Nogueira (GO)

Mini-Currículo: 
Guilherme Nogueira (GO): Graduado em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás. Especializando em Gestalt-terapia pelo Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-terapia de Goiânia. Organizador dos grupos de estudos de Gestalt-terapia da Universidade Federal de Goiás. Psicólogo Clínico na Alter Consultórios de Psicologia.

Categoria: Tema Livre

Público-Alvo: 4º Período em diante

Co-Autor 1: Alex Ivan Pires Bueno (GO)
Mini-Curriculo 1: Alex Ivan Pires Bueno (GO): Médico Psiquiátrica e Coordenador/Supervisor do Ambulatório de Álcool e Drogas na Pax Clínica Psiquiátrica.

 

[tab: Resumo TL-06]
TL-6: CAMPOS DE INTERAÇÃO NO PROCESSO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL E REINTEGRAÇÃO FAMILIAR

Ms. Tatiane Lacerda de Oliveira (DF) – CRP: 01/13560
Drª Liana Fortunato Costa (DF) – CRP 01/0315

Resumo: 
Essa pesquisa reflete sobre os campos interacionais de uma instituição de acolhimento e suas funções relacionadas à reintegração familiar. O objetivo foi conhecer a compreensão que atores da instituição de acolhimento têm sobre aspectos dificultadores e facilitadores durante o processo de reintegração familiar. Teve como fundamentação o paradigma sistêmico (Esteves de Vasconcellos, 2012; Philippi, 2004), teoria de redes (Sanicola, 2008) e estudos referentes à institucionalização e reintegração familiar (Amaral, 2011; Cavalcante, Magalhães, & Pontes, 2009; Freitas, 2008; Moreira; Bedran; Carellos, & Passos, 2013; Penso et al., 2013; Siqueira & Dell´Aglio, 2011). Esse estudo tece diálogo com conceitos da Gestalt-terapia: campo, contato e relações de complementariedade (Ribeiro, 2007; Robine, 2003). As participantes foram uma psicóloga e uma assistente social que trabalhavam em uma instituição de acolhimento não governamental em uma cidade metropolitana do Brasil. Utilizou-se como instrumento uma entrevista semiestruturada. A coleta de dados foi realizada por uma dupla de auxiliares de pesquisa e ocorreu por meio de visita à entidade. A análise de dados ocorreu por meio da Hermenêutica de Profundidade (Thompson, 2000). Esse estudo foi vinculado a uma pesquisa mais ampla denominada “Crianças e adolescentes em acolhimento institucional: estudo das condições familiares, institucionais e sociais” desenvolvida com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Obteve-se como resultados a existência de sentidos paradoxais no contato da instituição com as crianças acolhidas: a criança deve ficar na instituição, mas deve estar de passagem e retornar para a família; a instituição é um lugar de proteção e cuidados, mesmo que esses sejam massificados e transitórios; a instituição confere um lugar de pertencimento para a criança, ao mesmo tempo em que lhe imprime um lugar de despertencimento e não identidade – a criança transita entre ser ou não filho de alguém, ter ou não uma família, estar ou não em um lugar. A criança institucionalizada que visita a casa da família e está em vias de reintegração familiar, circula entre dois campos distintos: a família biológica e a instituição de acolhimento (família social). Outro resultado relacionou-se à consolidação do trabalho das técnicas no contexto institucional, a qual não efetiva uma relação de proximidade com as famílias, pois, trata-se de uma relação baseada na assimetria relacional. Não se trata de um trabalho de complementariedade, mas o contato entre instituição e família é de controle e de fiscalização das famílias. Há um descompasso entre o vivido e o imaginado no trabalho em rede. Nesse estudo, foi possível compreender as funções da instituição de acolhimento, as quais transitam entre funções parentais (cuidado e proteção), funções tutelares (garantir os direitos das crianças e decisões sobre a família) e funções mediadoras (reestabelecer o vínculo da criança com a respectiva família). A partir disso, discutiu-se a implicação dessas contradições para o contato institucional com a criança acolhida, a família e a rede social de apoio.

Palavras-Chaves: Reintegração familiar. Campo. Acolhimento institucional. Sistemas.

Autor: 
Tatiane Lacerda de Oliveira (DF)

Mini-Currículo: 
Tatiane Lacerda de Oliveira (DF): Graduação em Psicologia pela Universidade Católica de Brasília (2008). Especialista em Psicologia Clínica pelo Instituto de Gestalt-terapia de Brasília (2011). Possui Mestrado pela Universidade de Brasília no departamento de Psicologia Clínica e Cultura. Atualmente, é chefe do Núcleo de Atendimento às Famílias e Autores de Violência Doméstica da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Humano, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.

Categoria: Tema Livre

Público-Alvo: 4º Período em diante

Co-Autor 1: Liana Fortunato Costa (DF)
Mini-Curriculo 1: Liana Fortunato Costa (DF): Possui graduação em Psicologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1972), Mestrado em Psicologia pela Universidade de Brasília (1989) e Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (1998). Atualmente é Docente Permanente do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília. Possui pós-doutorado em Psicossociologia – História de Vida, realizado na Universidade Federal Fluminense.