TL-03/04: Encontro 2016

[tab: Resumo TL-03]
TL-03: AS MORTES EM VIDA E O REEXISTIR

Mariana Abbott Machado de Souza (GO) – CRP: 09/2625

Resumo: 
Somos seres relacionais. Nascemos e morremos em nossas relações com o mundo, cotidianamente. Nossa vida é permeada pelo tempo que passa, que nos destrói e que nos reconstrói. Esse mesmo tempo, parceiro freqüente e necessário, defronta-nos com as perdas impostas pela vida, apresentando-nos o abismo da falta, da incompletude, da impossibilidade de se fechar a gestalt. Essa situação, inacabada que é, faz o passado permanecer presente e o sofrimento ser companheiro constante. Assim, morremos também em vida e para a vida quando perdemos um emprego; a saúde; quando um relacionamento é rompido ou quando um filho sai de casa. A vida deixa de existir como a conhecíamos. O caminho já sabido, o objeto de investimento, o eu já conhecido deixou de existir. É preciso, então, sair do espaço onde estávamos para continuarmos existindo como Ser, em um mundo, agora redimensionado, ressignificado. É nesse momento que somos lançados no processo de luto. Tudo o que há possui uma extensão e uma duração, um aqui e um agora. O luto existe para que consigamos tempo para reelaborarmos o nosso espaço. Para assimilarmos a falta e a dor latentes, transformando-as em uma nova forma de existir. O luto é o processo de busca da ressignificação do existir. É o caminho cujo resultado efetivo será o desapego ao passado. A transformação é necessária, mas só faz-se possível através da atualização. Devemos tornar-nos presentes. Para tal, é preciso aceitar a situação de vulnerabilidade, fragilidade e sofrimento. Tornando-nos aware e atentos ao agora, o luto poderá ser elaborado. Nesse processo de desequilíbrio em decorrência das perdas vividas e em vida, surge a necessidade de ajustar-se criativamente à nova realidade, para que a sobrevivência e o crescimento possam ser mantidos. Ajustar-se criativamente é adaptar-se ao que não existia, transformando-nos e ao ambiente, permitindo-nos um novo olhar sobre a vida, uma renovação da existência. Em nossa cultura, a dor é parceira da evitação. Fechamos os olhos para os lodos da vida sem nos atentarmos ao fato de que o belo precisa do feio para existir, o bom do ruim, assim como a morte e a dor que ela impõe nos convidam ao renascimento, ao reexistir, à nova completude. É relevante que nós, terapeutas, consigamos acolher e compreender o tempo e o espaço do sofrimento imposto pelas perdas diárias dos clientes que nos chegam. Confiando sempre que o maior recurso de que dispomos é a fé de que sempre haverá uma saída, de que a existência é farta de possibilidades. Só assim seremos acompanhantes eficientes no processo de redimensionamento do existir, do existente.

Palavras-Chaves: morte; vida; luto; aqui-agora; ajustamento criativo.

Mariana AbbottAutor: 
Mariana Abbott Machado de Souza (GO)

Mini-Currículo: 
Mariana Abbott  Machado de Souza (GO): Psicóloga, graduada pela PuC/GO em 2000. Especialista em Gestalt-terapia pelo ITGT/GO. Coordenadora do Serviço de Psicologia Clínica e Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia entre os anos de 2006 e 2013.Supervisora de Campo da PUC/GO entre os anos de 2006 e 2013.Atuação com ênfase em psicologia clínica e da saúde. Atualmente psicoterapeuta na Clínica Essere.

Categoria: Tema Livre

Público-Alvo: 1º Período em diante

[tab: Resumo TL-04]
TL-04: O SENTIDO DE SER MARIA(S) A LUZ DA TEORIA DO CONTATO
Psi. Isadora Samaridi (GO) – CRP: 09/9801
Psi. Marcelo Marques Assis (GO) – CRP: 09/9920
Ms. Denise Borella de Sousa Costa – CRP: 09/6767 

Resumo: 
O trabalho proposto teve como objetivo compreender o sentido existencial de ser Maria José, uma personagem de curta metragem, que experiencia diariamente o fardo geracional de ser uma filha mulher, entre alguns homens, no sertão nordestino. Para esta compreensão os(as) autores(as) partiram da Teoria do Contato e da Epistemologia Feminista, em que trouxeram ao centro questões relacionadas às fronteiras e funções de contato da personagem, ancorados na abordagem gestáltica e feminista de apreender o SER mulher e SER Maria(s). Por contato, compreende-se que é a emoção experienciada pela pessoa, impulsionando-a as mudanças que são fundamentais para o crescimento e, por meio deste, mudar a si próprio e as percepções do mundo. O contato pode ser experienciado de sete formas, como Função (olhar, ouvir, tocar, falar, mover, cheirar e provar) e de seis formas como Fronteira (fronteiras do eu, do corpo, de valor, familiaridade, expressivas e de exposição). No que diz respeito às teorias feministas, foram consideradas as reinvindicações do movimento feminista contemporâneo, da luta em prol da igualdade de direitos civis, econômicos, sociais e políticos, entre homens e mulheres, questionando as naturalizações da opressão e subordinação feminina, com críticas ao patriarcalismo, bem como a integração das diferenças, subjetividades e singularidades das experiências femininas. O trabalho teve como participante a personagem Maria, que carrega em seu nome outras tantas gerações de mulheres, matriarcas e nordestinas, criadas no sertão, exercendo diariamente trabalhos domésticos, que a deixava calejada e rígida emocionalmente, mediando as relações entre pai, marido, irmãos e filhos. A análise foi realizada mediante observação da personagem no documentário (Vida Maria, diretor Márcio Ramos) e apreensão crítica a partir das teorias norteadores deste trabalho. Como resultado, foram obtidos dados referentes às funções de contato mais proeminentes usadas por Maria José, como as funções Olhar e Mover-se, que é por meio delas que consegue contato e também é a mesma via usada para bloqueá-lo ou evita-lo. As fronteiras de contato foram as Fronteiras de Familiaridade, em que relaciona-se apenas com o que é conhecido, dificultando a possibilidade de transgredir os limites geográficos ou um novo contato ao que não é familiar, e as Fronteiras de Valor, que representa os princípios morais da Maria José, as quais determinam suas escolhas. A partir desses resultados, pode-se concluir que Maria José pode fazer e refazer, suas próprias medidas e projetos existenciais, visando alcançar sempre o melhor equilíbrio possível em seu campo, autorregulando-se. Porém, é necessário que estas funções e fronteiras de contato estejam mais fluidas e em sintonia com a descoberta de novas funções e fronteiras, de forma a integra-la enquanto pessoa humana, buscando o contato pleno e criativo, para emergir a mudança, em um processo saudável de empoderamento feminino, autonomia e realização de novos projetos de vida, que possivelmente possibilitará a Maria José experienciar o presente, relacionando-se com o seu tempo, espaço e a sua relação com o outro.

Palavras-Chaves: Contato; funções de contato; fronteiras de contato; feminismo.

Isadora samaridiAutor: 
Isadora Samaridi (GO)

Mini-Currículo:
Isadora Samaridi (GO): Mestranda em Psicologia pela PUC-GO, cursa especialização em Gestalt-terapia no ITGT-GO. Pesquisadora-bolsista do CNPQ e exerce estágio docente em disciplinas com ênfase em Gestalt.

Categoria: Tema Livre

Público-Alvo: 1º Período em diante

Co-Autor 1: Marcelo Marques Assis (GO)
Mini-Curriculo 1: Marcelo Marques Assis (GO): Mestrando em Psicologia pela UFG-GO, cursa especialização em Gestalt-Terapia pelo ITGT-GO. Possui Curso de Capacitação em Gênero pelo IDH/Método – LTBA juntamente com a Secretaria Cidadã; Curso de Formação Feminista: Tramas e Redes: feminismos pelo fim da violência (UFG-GO). Atua como psicólogo clínico e tem interesse em pesquisas e estudos nas temáticas de Gênero, Sexualidade e Feminismo.

Co-Autor 2: Denise Borella de Sousa Costa (GO)
Mini-Curriculo 2: Denise Borella de Sousa Costa (GO): Bacharel em Psicologia pela PUC-GO, especialista em Gestalt-Terapia pelo ITGT. Professora auxiliar, orientadora e supervisora no ITGT. Professora auxiliar e supervisora de estágio; orientadora e pesquisadora da Abordagem Gesltáltica no Curso de Psicologia da Anhanguera Educacional. Atua principalmente nos seguintes temas: gestalt-terapia, processo psicoterapêutico, fenomenologia, método fenomenológico, pesquisa qualitativa, existencialismo dialógico e psicologia da saúde.