MR-02: Encontro 2016

[tab: Dr. Ênio Brito Pinto (SP)]
CONCORRÊNCIAS ENTRE A PSICOLOGIA E A RELIGIÃO

Resumo
Baseado em algumas acepções do verbo ‘concorrer’ e com o propósito de auxiliar na delimitação do campo, desenvolverei reflexões sobre pontos de encontro e de desencontro entre a psicologia e a religião.

Palavras-chave: psicologia; religião; espiritualidade; religiosidade


Ênio Brito Pinto 1Mini-Currículo:
Dr. Ênio Brito Pinto (SP): Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1979), especialização em Psicopedagogia pela UNIP (1994), mestrado em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002, com o tema "Orientação Sexual na Escola e Religião: Um encontro não confessado"), é doutor em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007, com a tese "Gestalt-terapia de Curta Duração Para Clérigos Católicos: Elementos para a prática clínica") e fez o pós-doc em Psicologia Clínica na PUC/SP (2012, "A Compreensão Diagnóstica em Gestalt-terapia em diálogo com o DSM-IV-TR"). Atualmente, além de ser psicoterapeuta (gestalt-terapeuta), é coordenador e professor do Instituto Gestalt de São Paulo e professor convidado em diversos institutos de Gestalt-terapia no Brasil. É também professor convidado do curso de pós-graduação Lato Sensu de Especialização para Formadores de Seminários e Casas de Formação Católicas. Tem experiência nas áreas de psicoterapia e de Ciências da Religião; atua principalmente com os seguintes temas: sexualidade; psicoterapia com base na gestalt-terapia, especialmente gestalt-terapia de curta duração; orientação sexual e psicologia da religião. Possui diversos artigos e capítulos de livros publicados nessas áreas, além de livros sobre psicoterapia de curta duração, compreensão diagnóstica, orientação sexual na escola e sexualidade adolescente publicados no Brasil e no México. Participa de grupo DIVERPSI, do CRP/SP, voltado para a compreensão da interface entre a psicologia e os saberes tradicionais. 

[tab: Ms. Lara Danyla (GO)]
Ms. Lara Danyla Freitas Garcia Santos (GO) – CRP: 09/2659

Resumo:
As mudanças atuais não podem ser comparadas a nenhum outro período histórico. O homem ocidental tem vivido mudanças profundas no seu modo de ser. Vários nomes são atribuídos a esse conjunto de transformações, por diferentes autores, como por exemplo: Sociedade Líquida, Sociedade do Espetáculo, Sociedade Midiatizada, Pós-Modernidade. Essas denominações traduzem uma contradição trágica de nossos tempos o sofisticado desenvolvimento tecnológico sem uma correspondente evolução psíquica, ética e espiritual. Segundo Leloup (1995) o homem ocidental se tornou um perito na exploração do espaço exterior, vasculhando os confins do sistema solar, enquanto permanece virgem e inexplorada a dimensão do espaço interior, a sua própria alma. Assim, se a razão iluminada, originária na modernidade, objetivou explicar tudo, a pós-modernidade se oferece como o tempo que está para além da totalidade luminosa da ideologia, caracterizada como um tempo pós-ideológico. Pessini (2004) afirma que se, para razão adulta, tudo tinha sentido, para o pensamento débil da condição pós-moderna já nada mais parece ter sentido. A crise de sentido passa a ser a característica peculiar da época atual gerando várias implicações: a) crise de identidade e valores, em que as pessoas não se sentem orientadas ou seguras para realizarem suas escolhas; b) o vazio e a falta de significado numa realidade cheia de signos sem sentido; c) a superficialidade do viver buscando manter as aparências, que desvincula cada vez mais o homem da realidade da alma e do espírito. Esse afastamento marcado por uma vida com ausência de aprofundamento é denominada por Rojas (1996) de Light. Uma vida literalmente sem sal e sem açúcar que resulta nos sintomas e nas doenças como formas de denunciarem a ausência dessa “alguma coisa”. Os conflitos existenciais decorrentes dessa falta onde parece que não há “nada dentro”, não há alma, não há posse de si mesmo geram comportamentos perturbados e sentimentos de fracasso frente aos dados da existência. Para Giovanetti (2012) a perda de sentido se dá no momento em que começamos a perder contato com a vida, no momento em que o contato com os outros seres humanos deixa de ser primordial. Falta-nos o eixo de orientação que se encontra no arcabouço de sentido e significado.  O sofrimento psíquico é função de um viver desvinculado, desconectado e compartimentalizado que nos aliena da seiva da vida. Cada homem, ao nascer, recebe a dádiva de escolher um caminho único e que não se repete, isso gera uma unidade na pessoa. A preservação e o resgate da nossa dignidade existencial passa necessariamente pela busca da superação humana por meio da espiritualidade. Ela é o convite a um movimento de saída, de uma determinada perspectiva de vida, para a retomada de um novo caminho, cuja paisagem ganha um novo sentido. Espiritualidade não é algo que ocorre para além do humano, ao contrário, significa uma autêntica experiência interior, uma fonte própria, natural e inesgotável de sentido que culmina em uma experiência de totalidade. Diante disso, eis que surge o Psicólogo com sua prática clínica em busca da significação da situação do cliente que se dá no encontro das intersubjetividades.  Encontro que se caracteriza como arte-ciência que exige do ouvinte uma escuta inclusiva do outro, o que só é possível com a graça do silêncio interior. Cada encontro é artesanal, como diz Hycner (1995), é uma dança oscilante entre duas totalidades. Concluindo, cabe ao Psicólogo estar inteiramente presente à conversão, a abertura ao sagrado que possa emergir; reverenciando, reconhecendo e favorecendo a integração entre o Ser e “aquilo que é” ou melhor entre “aquilo que eu sou” e “Eu Sou. Portanto a dimensão espiritual na prática clínica é fonte de sentido para o cliente.

Palavras-chave: Pós-Modernidade, Espiritualidade, Prática Clínica

Lara Danyla Freitas G. SantosMini-Currículo:
Ms. Lara Danyla Freitas Garcia Santos (GO): Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2003). Formação em Gestalt-terapia pelo ITGT/GO. Graduada em Psicologia pela Universidade Católica de Goiás (2000). Professora do ITGT-GO das disciplinas Relação Dialógica e Diagnóstico. Foi professora das Faculdades Alves Faria (2001- 2015). Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casal.

[tab: Drª Teresinha Mello (RJ)]
Drª Teresinha Mello da Silveira (RJ) – CRP: 05/2972

Resumo:
O tema espiritualidade e psicoterapia tem despertado interesse dos profissionais “psi”. Antes escondida e negada no setting terapêutico, a perspectiva espiritual torna-se visível em tempos de mudanças de paradigma. O desenvolvimento das modernas teorias de campo em muito favoreceram a absorção desta dimensão no âmbito das psicoterapias, fornecendo as bases para uma visão de que não somos seres isolados, mas “ao contrário, parte de uma totalidade maior da existência e estamos inseparavelmente conectados uns com os outros.” (Hycner, 1995, p. 91). Hycner (1995) nos informa que a dimensão espiritual fundamenta as dimensões inter e intrapessoais na psicoterapia, a qual se torna transpessoal. Tal dimensão nos remete ao “Nós” de Buber (1923), indo além do Eu e Tu e afirmando que anterior ao Eu e ao Tu está o relacional. Delacroix (2009) traz sua contribuição ao falar da espiritualidade como o sopro de inspiração, destacando a importância da respiração. O autor se refere à abordagem gestáltica como o espaço intermediário entre a psicoterapia e a espiritualidade colocando-nos em um lugar privilegiado para o aprofundamento deste tema. Também Simondon (2005) ao apresentar a noção de realidade pré-individual, realidade individuada e experiência transindividual, explica que a noção de espiritual é aquela vivida e contatada na experiência transindividual. “Novos sentidos são construídos pela modulação dos seres individuados em novas individuações.” (Silveira & Peixoto, 2012, p. 72). Absolutamente encantada e capturada pelas contribuições dos autores acima constato o quanto o assunto em destaque conduziu-me a ricas reflexões sobre o meu fazer psicoterápico e a tecer algumas considerações, as quais pretendo compartilhar com os colegas, a pretexto da mesa redonda cujo título instigante é  “A Espiritualidade Como Busca de Sentido”

Palavras-Chaves: Espiritualidade; Psicoterapia; Sentido


Teresinha MelloMini-Currículo:
 
Drª Teresinha Mello da Silveira (RJ): Possui doutorado em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2003). Autora de Livros – A estética do contato, Por que eu?: a doença e a escolha do cuidador familiar  e Atuando principalmente nos seguintes temas: idoso, família, demência, cuidador familiar, grupo de suporte.